"Se a floresta precisa de mim por mais um século, eu estarei aqui. Bem, depois da minha soneca."
— Gai'sh, Guardião Fronteiriço.
Gai'sh é uma criatura lendária, tão antiga quanto as raízes das árvores que formam as florestas mais sagradas de Ionia. Dizem que ele surgiu de um pacto feito entre os espíritos da floresta e os anciãos das Primeiras Terras, um acordo para garantir que as fronteiras dessa região sagrada fossem protegidas por uma força imutável. Gai'sh se ofereceu como guardião, mas sua decisão veio com uma condição: ele se uniria completamente à natureza, compartilhando de sua essência, mas, em troca, viveria em ciclos de atividade e sono profundo.
Seu corpo robusto, coberto por uma pelagem alaranjada com listras que lembram chamas, é sustentado por membros poderosos. Ele veste um manto dourado com padrões que lembram ondas e escamas, um presente dos espíritos da floresta, e suas garras são tão afiadas quanto lâminas de um guerreiro. No entanto, o que mais chama atenção é sua habilidade de se transformar em pedra.
Quando ele entra em seu estado de repouso, seu corpo lentamente endurece, as listras em sua pele brilham como rachaduras de magma e ele se torna indistinguível das formações rochosas ao seu redor. Dizem que, nesse estado, ele pode permanecer imóvel por décadas, um guardião invisível que observa silenciosamente quem ousa cruzar os limites da floresta.
Sua paciência e sabedoria são lendárias, e muitos dos que têm a sorte de encontrá-lo desperto dizem que suas palavras, embora raras, carregam um peso quase profético. Mesmo seu humor, muitas vezes sarcástico e relaxado, não esconde a profundidade de sua conexão com as forças naturais que regem as Primeiras Terras.
Ele é conhecido por sua espada, uma lâmina longa e reluzente que, segundo histórias, foi forjada a partir de uma rocha encantada encontrada no coração da floresta. Apesar de sua letargia aparente, quando a floresta está em perigo, Gai'sh desperta com a ferocidade de um furacão. Sua agilidade é descomunal, suas garras cortam como tempestades e sua força é o suficiente para esmagar até mesmo os mais formidáveis invasores.
Enquanto muitos o veneram como uma figura quase divina, outros o veem como um protetor imprevisível. Gai'sh pode ser benevolente com aqueles que respeitam os ritmos da natureza, mas ele não tem misericórdia para com os que violam os segredos sagrados da floresta. Contos falam de invasores que, ao tentarem explorar os recursos naturais, encontraram o que acreditavam ser uma estátua inofensiva apenas para testemunhar, horrorizados, quando ela ganhava vida e revelava sua verdadeira forma.
Histórias de sua "soneca de dez anos", onde ele permaneceu imóvel enquanto a floresta prosperava ao seu redor, são contadas com um misto de admiração e leve zombaria pelos habitantes locais. Mas essas histórias também reforçam um ponto crucial: Gai'sh não é uma entidade de pressa ou impaciência. Ele entende que o equilíbrio da natureza opera em seu próprio ritmo e, como guardião, ele é parte desse ciclo.
Aqueles que ousam aproximar-se dele enquanto dorme ou tentam desvendar os segredos da floresta aprendem rapidamente o preço de sua audácia. Mesmo em seu estado de descanso, a presença de Gai'sh é intimidante, um lembrete de que as Primeiras Terras têm seus próprios protetores e que a natureza, em sua sabedoria e fúria, jamais estará desamparada. Assim, ele permanece como um símbolo da paciência e do poder de Ionia, um guardião que, embora possa parecer imerso em um sono eterno, desperta sempre que sua terra natal exige sua força e dedicação.