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Espírito do Wuju

"Mestre Doran acreditava que cada olho do Espírito do Wuju mostrava uma perspectiva única da natureza de uma pessoa. Mas, por mais que eu tente, as lentes do meu elmo só comtemplam vários tons de verde. O que foi que ainda não entendi?"

— Lui, Discípula de Doran

O Espírito do Wuju é uma das criaturas mais veneradas na ilha de Bahrl, onde dizem que seu nome ecoa em cada sopro do vento. Estas criaturas espirituais são a personificação da filosofia e disciplina da Arte do Wuju, um estilo marcial tão enigmático quanto as próprias entidades que lhe deram origem. Aqueles que seguem o caminho do Wuju não veem essas criaturas apenas como seres espirituais, mas como mestres silenciosos, guardiões e espelhos da alma.

Com seus corpos longos e cobertos por uma pelagem macia que brilha com a luz da lua, os Espíritos do Wuju se movem com a graciosidade de um rio e a precisão de uma lâmina. Suas patas e rostos são revestidos por escamas prateadas, reluzentes como metal forjado, simbolizando a união entre o espiritual e o material. Porém, o que mais chama atenção são os sete olhos verdes em seus rostos, dispostos de maneira que parecem estar constantemente analisando todos ao seu redor. Esses olhos são mais do que apenas órgãos de visão – acredita-se que cada um deles veja um aspecto diferente da essência de quem ousa cruzar o caminho do espírito.

Os contos mais antigos sobre o Wuju sugerem que essa arte marcial nasceu como uma tentativa de imitar as qualidades dessas criaturas. Suas danças graciosas e movimentos fluidos inspiraram os primeiros mestres a criar um estilo que unisse corpo e espírito, combatendo com uma força que não destrói, mas protege. Alguns acreditam que a própria filosofia do Wuju – a harmonia entre ataque e defesa, entre ação e contemplação – reflete a maneira como o Espírito do Wuju observa e interage com o mundo.

Muitos discípulos passam suas vidas inteiras buscando um vislumbre dessas criaturas, acreditando que a visão de seus olhos pode revelar verdades profundas sobre si mesmos. Alguns retornam transformados, murmurando palavras sobre destinos revelados e fardos aliviados, enquanto outros desaparecem, sugerindo que não estavam prontos para encarar as respostas que procuravam.

Aqueles que realmente conseguem contemplar o Espírito do Wuju frequentemente relatam que os olhos da criatura não apenas observam, mas também refletem. Há quem diga que, ao olhar diretamente em um desses olhos, você verá não a criatura, mas a si mesmo – não como é, mas como poderia ser. Essa experiência de autoconhecimento pode ser inspiradora ou devastadora, dependendo da força interior de quem a vivencia.

Há histórias de guerreiros que tentaram capturar essas criaturas para explorar seus poderes, e que acabaram enfrentando uma ira silenciosa, mas imparável. Mesmo diante de violência, os Espíritos do Wuju raramente matam – eles simplesmente desaparecem, deixando para trás apenas a sensação de que o agressor falhou não apenas contra a criatura, mas contra si mesmo.

Para os seguidores do Wuju, essas criaturas representam o ideal mais elevado de equilíbrio, força e sabedoria. No entanto, como a própria arte que levam em seus nomes, elas são um enigma. Seus movimentos, sua presença, e até mesmo sua existência desafiam as definições mortais, como se dissessem que o verdadeiro entendimento do Wuju não pode ser aprendido, apenas vivido.

Embora Mestre Doran tenha ensinado que os Espíritos do Wuju têm o poder de revelar os mistérios mais profundos da existência, ele também advertia que não é o espírito que escolhe o discípulo – é o discípulo que deve estar preparado para encontrar o espírito. Pois, como diz um provérbio ioniano: "A sabedoria não é dada por olhos que veem tudo, mas por aqueles que conseguem encarar o que está dentro de si mesmos."