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Mil Caudas

"Os ventos carregam seu nome em sussurros. Não como uma ameaça, mas como uma promessa — o espírito que vê tudo, sente tudo, e protege o que o tempo insiste em testar."

— Shi’mei, ancião ioniano

Nas florestas mais profundas de Ionia, onde a luz do dia mal ousa penetrar entre as copas densas, habita Sai'Nen das Mil Caudas. Também chamado de Lorde Raposa ou Espírito Vastaya, ele é uma manifestação viva do poder e da harmonia natural. A figura do Mil Caudas é impossível de esquecer: suas caudas majestosas, ondulando como correntes de um rio espiritual, parecem conter em si o mistério de eras passadas. Sua pelagem, em tons vibrantes de carmesim, se mistura ao branco puro de sua barriga, criando um contraste hipnotizante. No topo de sua cabeça, uma coroa de chamas espirituais azuis arde incessantemente, simbolizando tanto sabedoria quanto autoridade.

Sai'Nen é o protetor do Salgueiro Divino, uma árvore ancestral que conecta o mundo material ao espiritual. Durante séculos, ele manteve vigília sobre esta árvore, não como um simples guardião, mas como um testemunho vivo do equilíbrio da vida. O Salgueiro já floresceu em Omikayalan, e agora sua nova muda cresce em terras diferentes. Para Sai'Nen, não importa se o que surge será maior ou menor, mais forte ou mais frágil. O que importa é que é novo, e o novo é o que mantém o ciclo do mundo em movimento. Em sua vigília silenciosa, ele observa, não como um juiz, mas como um lembrete de que a natureza é contínua e implacável.

Sai'Nen é um espírito de julgamento, mas não no sentido humano. Ele não busca moralidade, mas equilíbrio. Aqueles que cruzam seu caminho sentem um peso invisível, como se a própria natureza estivesse avaliando sua essência. Sai'Nen não fala, mas sua presença comunica mais que palavras poderiam expressar. Para os ionianos, ele é tanto um aviso quanto uma inspiração: uma lembrança de que a natureza vê, sente e responde.

Quem ousa ferir a floresta ou desequilibrar seu ritmo pode enfrentar consequências severas. Relatos falam de caçadores e lenhadores imprudentes que, ao cruzarem o domínio de Sai'Nen, desapareceram sem deixar vestígios, ou retornaram profundamente mudados, marcados por um silêncio que nunca puderam explicar.

No entanto, não há nada de cruel em sua essência. Histórias contam sobre viajantes perdidos que, ao serem envoltos pela luz azul de Sai'Nen, encontraram o caminho de volta para casa. Outros falam de crianças que se aventuraram longe demais e foram devolvidas ilesas, como se carregadas pelo próprio vento. Ele é a força que protege, mas também a força que ensina. Ele representa a certeza de que, em um mundo em constante mudança, a natureza sempre encontra um caminho.

Sua vigília traz tranquilidade aos habitantes de Ionia, que confiam em sua presença para manter o equilíbrio do que é selvagem e do que é humano. Diz-se que mesmo os animais e espíritos menores reverenciam o Mil Caudas, reunindo-se em sua presença como se estivessem na sombra de uma montanha protetora.

Os poucos que tiveram a oportunidade de vê-lo de perto descrevem uma sensação de pequenez, não pelo medo, mas pela grandiosidade de estar diante de algo tão antigo. Dizem que os olhos de Sai'Nen, brilhando com o azul etéreo das chamas em sua cabeça, não carregam julgamento, mas sim uma sabedoria infinita. Olhar para ele é como olhar para o próprio coração da natureza, com toda sua beleza, poder e mistério.

Sai'Nen não é apenas um espírito; ele é a própria personificação de Ionia, uma terra onde o véu entre o mundo espiritual e o material é mais tênue do que em qualquer outro lugar. Para aqueles que respeitam o equilíbrio e entendem que a mudança é inevitável, Sai'Nen é um aliado. Para os que tentam subjugar ou desafiar a natureza, ele é um lembrete severo de que a força do mundo natural não pode ser domada.

Ele não procura ser compreendido por mortais, nem busca reconhecimento. Ele simplesmente é. Um espírito antigo, um protetor eterno, e uma força que não pode ser ignorada. Quando os ventos sussurram seu nome, é um lembrete de que, na dança eterna da vida, a natureza sempre terá a última palavra.